Resolvi reler os bilhetes amarelados, colados nas páginas de um caderno, que de tão velho, ja perdera as pautas.
Resolvi reler as cartas que, além de amarelas, estão perdendo a tinta da caneta, mas que ainda guardam a força das emoçoes com que foram escritas.
Resolvi escutar todas aquelas musicas lentas que por diversas vezes ouvimos juntos, e dançamos juntos.
Resolvi folherar os albuns de fotografias que guardam os brilhos dos nossos olhos. E olhar todas aquelas fotos.
Resolvi abrir a mala que guardo no fundo do baú, comas roupas que ainda têm seu cheiro, mas não me servem mais a anos.
Resolvi pegar a caixa que guardava todas as suas lembranças e as coisas que você deixou antes de partir.
Resolvi juntar todas as coisas em um só lugar e esperei.
Quando ela atravessou a porta de casa, com o ar juvenil que muito me lembra o seu. E todo aquele vigor (que nós um dia tivemos)
- Oi mãe.
Ela se aproximou, com os seus passos, seu jeito de falar, seus olhos e suas manias que me irritaram tanto quando você se foi.
- O que é tudo isso?
Primeiro foram as roupas, depois os bilhetes, as cartas, e o albun de fotos. Ela sabia que não era orfã, mas nunca soube o quanto era parecida com você. Ao lado de todas aquelas coisas existia um envelope.
Dentro dele havia dinehiro e um papel com um nome e um endereço.
- Pra que é tudo isso? Quem é esse rapaz? Meu pai?
Mas logo ela entendeu. Depois de 15 anos, ela tinha a decisão mais dificil a tomar. Sentou e pensou.
- Mãe, você vai comigo?
Mas ela ja sabia a resposta. Foi pro seu quarto, arrumou sua mala, chamou um taxi, me deu um beijo de despedida e se foi.
Eu juntei tudo aquilo, cavei um buraco no quintal e enterrei tudo.
No quarto dela um bilhete escrito com batom no espelho:
"Eu sei que ele gostaria do seu perdão. Espero que um dia você possa vir morar conosco. Te amamos!"
Sentei na poltrona e adormeci.
Felicidade.
Há 10 anos